As leis dos impasses

Se queremos e não podemos.

Se podemos quando não queremos.

O atleta com seu passe livre,

mas que não quer sair.

A lei do ventre livre,

mas o menino não tem para onde ir.

A escravidão e a liberdade,

quanto custa cada uma na verdade?

As mulheres e suas novelas,

os homens e seus jogos e lutas

e que vençam os melhores.

Ao céu ou ao inferno?

Ao primeiro, poucas vezes fomos

e no segundo, quase sempre estamos.

Está lotado, mas ainda tem senha.

A lebre e a tartaruga, numa corrida

e enquanto a ligeirinha

já pensava em comemorar,

descobriu que no meio do percurso

havia um rio para atravessar

e assim a espertinha nem conseguiu chegar.

São provas de um texto mal interpretado,

de um dente cariado

e a falta de dinheiro para o tratamento.

O arrependimento pelo não feito

ou pelo que foi mal feito,

se bem que o que mais chateia

é a falta de humanidade,

da humildade de dizer a verdade,

quando esta poderia poupar alguém.

O impasse de enlace entre o bem e o mal,

onde não podem entrar a ambição

e o egoísmo, irmão do cinismo

e primo do casuísmo,

nessa péssima mania que temos

de tão somente pensar em nós.

Elas são intransigentes, inflexíveis,

baseadas na intolerância

e na parca habilidade que temos

de compreender os outros,

não importando quem sejam outros,

bastando estarem do lado oposto,

daquilo que consideramos o certo

e o correto.

O impasse é um ato de protesto

contra tudo aquilo que não é a nossa cara.