CÍRCULO VICIOSO (Do livro NO LIMIAR DA ILUSÃO)
Malha o aço
Com a viva resistência
Do teu tenaz braço
Tempera o ferro
Com a ativa persistência
Da química do teu erro
Foge do mal
E te esquiva da ardência
Da pena capital
Revolve a terra
Com aquela paciência
Que vence uma guerra
Fere o vento
Com força, e vela a insolência
Na face do desatento
Esgarça o riso
Naquela incongruência
Própria do impreciso
Colhe o fruto
Da boa inteligência
Deixando o amor como tributo
Abafa o grito
Que ecoa na impertinência
Pois ele é proscrito
Tolhe a asa
Que errônea voa na desobediência
E volta para casa
Descansa embaixo
Da sombra afável da benevolência
Comendo a fruta direto do cacho
Bebe a dor
Na fonte intragável da incoerência
Enquanto fere de morte o amor
Chora a vida,
O teu erro, impagável prepotência
Será eterna a tua dívida.