DRAGÃO de PEDRA
Crepúsculo em Júpiter, euforicamente lésbico. As libélulas vomitam
lixo atômico nas mãos do Querubim-fêmea. Apocalipse é o dia-útil!
Sereias eqüinas empinam as nádegas, dominadas pelo hálito
Repelente do Crime, a única espécie cuja Fortuna é a treva.
O Anjo Paquerador de Porta de Colégio
tatua vícios nas almas adolescentes.
Vereadores, enforcados nos postes gargalham maleficicamente bem-pagos
Crianças sorvem o oitavo pecado mortal na teta do crepúsculo,
este crepúsculo descarnado e magro,
empanturrado de orgasmo pelas chaminés,
onde o Anjo dos Créditos Bancários coça o saco nos cemitérios,
onde canalhas espancam garotos-mendigos,
onde putas choram veneno nos ombros dos gigolôs
Há um culto ao Deus-Corpo que os infiéis transformam em carniça
degolando estátuas no templo - o Revolucionário o Anjo Exterminador
virou Anjo Exterminado casando mortalmente com a burguesia.
O Rádio é uma das cordas vocais do Arcanjo da Paciência q permanece
sentado no bidet
masturbando o discurso vazio dos crentes nas praças
o pênis um dragão de pedra
O Rei das Libélulas ergue o cetro saudando as tropas acasaladas
lambuzando o acampamento de sangue e vírus fumegantes
e detrás dos olhos
você vê os povos sob o manto radioativo
e um anjo sangrando petróleo
sair da poeira que gargalha em cada curva
de cada horizonte alegórico ó anjo arrastando na cólera os agiotas da moral
ó anjo aparelho de potências cavaleiro dos motores cósmicos
o anjo sangrando petróleo é o divino
mensageiro do universo tirando das rosas o sangue dos sindicatos avacalhados
aos olhos dos garotos que enchem o ânus das estátuas de paixão
e spray
estátuas sodomizadas pelos cabos das guitarras-elétricas
gemem desestabilizando radares
ó anjo da insatisfação quanta estupidez a dos mortais
seguros no curral da República não ouvem a peste esburacar
as rodovias podres da lei