SÓIS E SOMBRAS
Já houve
muitas coisas à sinuosa estrada
– desde possíveis
e impossíveis –;
menos ela,
a que não me viu de asas abertas,
nem me balançou sonhos e esperanças singelas
nem me acalentou dores
e quedas.
Sim, já houve
muitas coisas sob o sol e o sem-ele
– desde possíveis
e impossíveis –;
menos ela,
que não me veio cantar à janela,
que se me fez silêncio petrificado às lisas aquarelas,
que se me escondia às sombras
amarelas.
Já lhe houve
muitas coisas à sinuosa estrada
– desde possíveis
e impossíveis –,
que sempre lhe deram asas abertas,
que sempre lhe balançaram sonhos e esperanças singelas,
que sempre lhe acalentaram dores
e quedas.
Sim, já lhe houve
muitas coisas sob o sol e o sem ele
– desde possíveis,
e impossíveis –,
menos eu a lhe cantar à janela,
menos eu a lhe pintar as petrificadas aquarelas,
menos eu a esconder-me-lhe
às sombras amarelas.
Péricles Alves de Oliveira