A UM PASSO DO ABISMO
Oxigênio em carestia,
contorço-me à dilacerante dor
das asas quebradas:
resisto e resisto-me;
sobre as flores e os mármores
da sempiterna noite
das coisas, dos tempos
e dos destempos,
reinvento e reinvento-me;
destituo as luzes das casas
e das serranias
e condeno as visões dos píncaros
com suas soberbias;
por fim, do infinito que há
sobre o véu da vida,
revelo a verdade obscura
das faustas retinas,
transformando-me,
inexorável e inevitavelmente,
em (meu) cruel carrasco
(de) todo dia.
Péricles Alves de Oliveira