BALADA CRIMINAL

Chama pela alma clama dos anjos a descida na Terra

e mostra, na sarjeta o sangue do demente, mostra

nos postes os meninos sem infância pendurados, erra

pelas estradas cobertas do fogo soluçante dos desastres, as costas

marcadas pelo tridente faminto dos gladiador criminal

e trafica, trafica mesmo nas sombras sórdidas

da cidade, a alma em troca de um prazo maior no matagal

dos vícios e das perversões, acumula riqueza nas idas

e vindas dos suicidas ao testamento, pois é você quem

acaricia os sexos dos cafetões, dos tarados e dos pedófilos

cobrindo-lhes a canalhice com o escarro, e além

do jardim, demônios fustigam a ganância dos obesos, e o que lhos

restou fora o vômito e o sadismo escrachado foi o grito

nas profundezas, dos inadimplentes, guardado numa garrafa,

pois as ruas estão tomadas pelas oferendas entregues na farra

dos ladrões e dos carrascos que bêbados pelo agito

e pela droga, debandam dominados pelo Terror, tão logo

avistam um homem sem ódio no coração, o que devendo

atesta ao próximo que a alma intocada não cede aos jogos

em que se perde a Fé, pois nesta terra de arrebentos

as lendas arrependidas de não viverem trazem

pelas mãos uma mulher despida cujo sexo perfumado

é ávido muito mais do que pela fidelidade por um amor sem

limites e sem rótulos morais, cujo cadeado

afundando no mar venha a parir um deus encouraçado

empunhando tubarões e polvos e que decrete

a morte em vida dos corruptos e dos genocidas, ao lado

dos estelionatários e dos juízes,

pois fraterno é o assassino que paga o frete