Poema de amor com dupla face

Sou muito chato,

com o que chamo de "minha arte".

Seletivo, ativo e paciente

e assim como muita gente

contente ou descontente, a depender,

de a quem acusar ou de a quem agradecer,

só não admito o fruto apodrecer,

pela ganância do preço por ele cobrado.

Não quero ser idolatrado e nem idolatrar

pois o verbo amar tem as suas diversas variações.

Perdões também existem no mercado.

É mais um dos tantos frutos

que independem das estações.

Dá o ano inteiro e em qualquer quintal,

mas seu rival está sempre em liquidação.

Perdão, sou taxativo.

Chato, muito intuitivo

e odeio quem não sabe pedir perdão

e por isso a conta não fecha.

Mas, onde foi parar o cupido, com seu arco e flecha?