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Girassóis No Arrebol


Procissão das almas disformes
Cortejo de sonhos despedaçados
Retalhos de pranto e mágoas
Estrada empoeirada rumo ao nada


Incerteza das vontades aplacadas
Tempo raro desperdiçado na lida
Afeto conquistado à peso de ouro
Pago com a rara moeda chamada vida


Desolado cenário surreal
Mescla de tintas recuperadas e carvão
Delineiam grosseiramente
Obras falsas, emolduradas na decepção


Ratos roem os tênues fios da paz
Solapadas as verdades de forma audaz
Morte anunciada dos girassóis
Indiferentes ao carmim do arrebol


Velas amareladas ardem nas mãos
Tentam afastar nuvens de gafanhotos
Das vestes da esperança dolorida
Sem piedade pelas traças roídas


Sobram covas rasas sempre abertas
Inundadas de opressão e mágoas
Fétida lama onde repousa a cobiça
Descarte do viver que a alma atiça


Caem as ânforas milenares e os jarros
Diante da fragilidade do barro
Hienas surgem ansiosas por apertar os nós
Mesmo sabendo que o fim de tudo será o pó

(Ana Stoppa)




Anenska Stopensas