* **SUSSURROS** *
Este poema é uma réplica ao famoso poema "O Corvo", de Edgard Allan Poe, um dos maiores escritores americanos. Neste seu poema/conto, à meia-noite, um corvo abruptamente entra na casa do personagem. A ambientação é de terror. No momento o personagem está em extrema dor pelas perdas da vida; o corvo interpreto como a visita da morte , ou uma projeção do eu "morto " do personagem. A todos os questionamentos feitos pelo agonizante e aterrorizado personagem, o corvo sempre apenas responde: " Nunca mais!". O poema é longo, por isto não o transcrevo. Se o leitor tiver curiosidade, basta clicar no Google < O corvo- Allan Poe> . Há duas excelentes traduções, uma do brasileiro Machado de Assis e outra de Fernando Pessoa. Este poema é por muitos considerado o poema máximo da literatura americana. Foi publicado em 1845. O que fiz foi, ousadamente, reverter o tema.
SUSSURROS
Hoje o tempo pousou sobre minha janela.
Calou um agourento pássaro negro,
Maligno,que repetia: -Nunca mais!
E o tempo sussurava, levemente:
-Não, ainda não...
A visão tremia em meus olhos molhados
Assustados na fraca luz de um lampião
O tempo e o diabólico pássaro na janela.
E o som , por dentro em mim, se me repetia:
-Não, ainda não...
Não sei se minh'alma despertou ou adormeceu.
Mas de um sonho guardado,
ainda por sonhar, lembrei.
Cerrei os ollhos por instantes.
Quando os abri, nada mais na janela...
Nas asas do tempo foi-se o pássaro.
E o quarto inundou-se de luz
Espalhando calma e paz.
E aquele som insistente, ressoava:
-Não, ainda não...
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"Trabalhos com significados óbvios deixam de ser Arte" (Edgard Allan Poe)
*01/03/2012