DE GRÃO EM GRÃO
Passo a passo
vou desconstruindo sonhos.
Lentamente
vou equilibrando a vida.
Tristemente
encaro a realidade.
Tardiamente
busco a cara da felicidade.
De grão em grão
vou colhendo os frutos
amarelados do plantio.
Jogados a esmo,
em terreno baldio.
De grão em grão,
eu debulho o milho,
acendo a lâmpada,
procuro o brilho.
Um fio de esperança
em segundos, me alcança.
Quero ser
E não estar.
Quero viver
Sem me entediar.
O sorriso que não sai
O bom humor se esvai.
Fios de cabelo no pente.
A cara no espelho
A escova de dente
Eu me desconheço.
O café matinal
A rotina massacrante
A mesmice viral
O ontem que não esqueço.
A manchete do jornal
A surpresa – o instante.
O grito abafado
Um homem na calçada
Morre, atropelado
Já foi tudo...não é nada!
(Milla Pereira)
Este texto faz parte do EC
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