Solidão

SOLIDÃO

Ela caminha em minha direção,

calcula os passos, suprimindo o riso.

Agita-se por um não-sei-o-quê e, cuidadosamente,

asperge o absíntio mortal nos duendes que a rodeiam

e, uma a uma, as pétalas de rosas murchas do chão, recolhe num cesto manufaturado pelas mãos do tempo, misturadas a fagulhas de lembranças de uma época que nem o próprio tempo arquivou na memória.

O enfado de um caminhar contínuo em busca do quase nada já não assusta, nem devora o riso.

Astuta, desafia o silêncio e valente, grita calada.

Ri de uma dor quase superada e cala nossos corpos e se queda sobre o mundo.

Já não há mais o que dizer,

já não há mais o que cantar.

Ela só traz o momento.

Mais nada!