Casa de madeira

Não sei ao certo se casa tem coração,

mas a de minha infância tinha e era enorme,

além das mesas, cadeiras e demais conformes.

nela cabiam pais, amigos e irmãos.

Num tempo que nem sonhava ser poeta,

ou talvez soubesse mas de forma incompleta,

do contrário não veria nos pátios castelos e moradas,

vassouras não seriam corcéis e galhos não seriam espadas.

Hoje compreendo o ranger das tábuas,

a dizer em suave sinfonia "tudo são águas",

que passam, invadem, efêmero quem sabe,

mas que nunca deixará de fazer parte.

Por isso querida casa de fundos,

vieram outras paredes e tetos,

Mas a ti devo o início de meu mundo,

onde o anjos foram os grandes arquitetos.

Caio Schroer.