PELO SOM DO CORAÇÃO

Eu ficava ali, a ouvir,
As suas histórias de vida,
De árdua travessia,
De libertação,
Histórias conduzidas,
Pelo som do coração.
Eu ficava ali, tentando sentir,
O que ela sentia,
Por mais que eu tentasse,
Não poderia,
Não transbordaria como aquela face,
Marcada pela experiência,
Eu ficava ali, sob a influência,
Daquela enigmática senhora,
E quem era eu para ir embora,
Antes da prosa terminar.
Eu ficava ali a interagir,
A fluir uma nostálgica ressonância,
A rever minha humilde infância,
Sob o olhar silente da serrania,
Verdejada periferia,
Dias de sonhos, de contras, de prós,
Dias paginados com minha avó,
Desatando os nós da sobrevivência,
Dias de essências dos eucaliptos,
De inocência,
De ocasos tão bonitos.
Eu ficava ali, entre um e outro café,
Filosofando, admirando a fé,
Daquela indômita heroína,
Que tinha tudo para não acreditar,
Em Deus, no amanhã,
Mas, cria... como uma digna cristã.
...
Como eu queria estar ali, agora,
Mas, a poltrona esta vazia,
Dalila foi embora...
Cumpriu a sua sina,
Retomou o encantamento,
O seu lugar no firmamento,
Se eternizou em uma estrela-guia...