Aqui tudo é diferente

Paiol, tuia e celeiro

Trabalhava o dia inteiro

Sem um dia descansar

Enxada, foice e machado

Lidei com burro de arado

Para a terra cultivar.

Banho de rio, pescaria,

Lá no sítio eu vivia

Sem nada me amolar

Mas um dia infelizmente, meu sitiozinho,

De repente, eu tive que abandonar.

Na cidade, a modernidade

Velocidade e vaidade

Mas ninguém pra prosear

Aqui tudo é diferente

Tem esse "tantão" de gente

E ninguém pra me escutar

Me lembro dos trabalhos na roça

E como o trabalho rendia

Todos trabalhando, cantando e proseando

Logo chegava o fim do dia

Tanto, que a gente nem se apercebia.

Hoje olho o meu passado

Fico tão emocionado

Que me ponho a chorar.

O progresso, esse malvado

Muito tem me machucado

Mas dele não pude escapar,

Só me restam as lembranças

Do meu tempo de criança

Que não vou mais recuperar.

Observo o vai e vem dos caminhões e fico triste,

Pois, nem de longe isso me lembra, meu carro de boi a gritar.

Paulo Francisco dos Santos
Enviado por Paulo Francisco dos Santos em 02/07/2016
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