TEMPO
TEMPO
Astuto é o tempo que esvai-se e difundi-se e sutilmente se ausenta...
Sobre as frestas do sol, ainda há a ilusão
de ver o além, saber a direção...
Versos empoeirados de flores raras,
fala seca, garganta sem fala,
brados de um riso tímido
Esfolado em lágrimas.
Sopro frio de uma voz cálida
Escondida nas ruas do coração.
Onde escorre o universo, um fogo aceso
Prato feito, botões em flor
Brasas incinerando amor...
Casas, caseados de linho fino
Alma regada de carinho,
Primaveras claras de anos envelhecidos
Esquecidos no forno do tempo
Pão quente na pele sedenta
De uma velha sabedoria santa...
Luz acesa sobre o sabor
Degustado no solo da razão...
Mesa arrumada para um palato farto
Olhos nos olhos, contrato
De um sim, ou de um não...
todo feitio de um romance pronto
Traços entrelaçados num vinho tinto
Doce tal qual o absinto...
Que se faz inesquecível,
Sempre que no badalo do momento...
Misturam-se num beijo.
Poesia Marisa Zenatte
* Direitos Reservados