Sabiá pródigo
Amo a verdade
amo a liberdade
como o sabiá laranjeira
de meu pai
Pousado em seus ombros
cantava
por ser feliz assim:
solto
cantava para Veríssimo
sua mulher e filhos
São esses os lírios
da minha infância:
recordações...
“pequenos sítios na memória”
que guardei sem querer
O sabiá de meu pai
às vezes
como agora
ele volta
uma lembrança
sempre foi assim
livre
solto
ele vem e vai embora
Foi um dia
do ombro de meu pai
para o telhado...
um instante parado...
um olhar...
e despedida...
Busquei nos olhos de meu pai
lágrimas, tristeza
não havia
seu olhar ia longe
também fugia
voava...
Amei mais meu pai
naquele dia
Amo aquele pássaro
que às vezes
vem pousar em meus ombros
e bica minhas orelhas
e me chega segredos
aos ouvidos
porque ele sabe quem sou:
sou filho de Veríssimo
do verdadeiríssimo
e tanto quanto
o pássaro e meu pai
amo a liberdade!
NOTA: período 2002-2008