Pelas mãos de meu pai

Com três anos de idade

Vagamente posso lembrar

Os desejos de criança

Que meu pai tentou sanar.

Queria uma bicicletinha

Dessas que possuem três rodas

Na época, era toda de metal

E custava caro realizar o tal.

Nos olhos de meu pai

Um brilho que não sei dizer

A idade não me permitia saber

A dor que ia em sua alma.

Eu sabia que não dava

O dinheiro de papai.

Mas criança sonha acordada

Pois o sonhar não se paga.

Passado algum tempo

Quando o desejo já esmorecia

Eis que pelas mãos de meu pai

Tenho a maior alegria:

A bicicleta que ele me deu

Você não tem ideia, que maravilha!

A parte da frente de metal enferrujado

No ferro velho foi encontrado,

O restante que faltava

Meu pai criou com seu formão

Lapidando na madeira

A alegria do meu coração.

Para outra criança, talvez

Seria algo sem valor

Mas meu pai me ensinou

O valor do verdadeiro amor

Não sai de minha memória

O brilho diferente em seu olhar

Sei hoje, que aquele brilho,

Era de alguém que só fazia amar.