Recordações
Quisera eu saber lidar com a partida,
Ou quem sabe a despedida
E na mesma emoção
Compartilhar o medo e a ilusão.
Quisera eu não querer
Saber só da verdade
E na eternidade
Desvendar o mais amplo viver.
Quisera eu não procurar
Respostas para o mistério,
E saber como um espinheiro
Produz uma linda rosa,
E na loucura, medonha e formosa
Meus olhos se encerram,
Pois já não há mais prosa
Nem rouxinóis que se amam.
Também não há mais cochichos
Nem ao menos chegada,
Talvez sim, haja...
Quisera eu não ser homem nem bicho.
Já não há tanto medo...
Quisera não haver
Em mim tanto segredo
Que me invade e implode.
Também, quisera não haver
Tanta ilusão, nem tanta saudade,
Saudade do infinito
E por isso, tanto querer.
Mas, sim. Quero viver
Sentindo o tempo passar,
E se dilacerar sobre meus dedos,
E eu quero morar
Em saturno, ou em marte.
Porque já demorou
Este meu sofrer, e quero minha parte.
Agora é minha vez, tudo passou.
E hei de ser feliz (incondicionalmente),
Mesmo na aflição, dor ou perseguição,
Sem mesmo haver ilusão.
Hei de tornar a realidade...
Ao menos em minha mente!
01.12.03