Hoje eu acordei parecendo um menino

ouvindo a passarada com a sua canção

que mais parecia a letra de um hino

daqueles que se houve lá no sertão.

Mas logo voltei para minha atual realidade

descobrindo que música era o pio dos pardais

e o peito doeu ao encarar essa verdade

que o tempo passou e o sertão não volta.

E a minha juventude também não retornará

somente a saudade ocupa essa vazão

enquanto eu espero a velhice de vez chegar

enraizando para sempre a lembrança do meu sertão.

Só não doí muito mais porque já me acostumei

andar por essa cidade como se estivesse sonhando

com as alegrias que um dia para trás eu deixei

para acompanhar a morena que até hoje vivo amando.

Quem sabe um dia ela comigo irá ainda concordar

de lá no sertão a velhice sossegados curtirmos

pois não há lugar melhor para viver e amar

lembrando da tumultuada cidade, descansar e rirmos.