Meu muro
um muro
só vejo um muro
te conheço?
ouço uma voz do outro lado
este é o meu muro
em minha vida sempre segui minhas tradições
cheias de convicções, numa régua que nunca deixei de tremer nas linhas
sempre tentei ser perfeito, uma coisa que dizem não ser possivel
pois não acreditei e segui as minhas próprias regras
me joguei ao mundo com elas e as ditei ao público que ao ouví-las
me rejeitou, somente tinha dito que todos aqueles que não são perfeitos são vermes
seres que não merecem serem vistos pelos outros
ditei minhas regras,
segui meu mundo,
joguei o chão,
deitei sobre o muro
sem nenhuma e sequer sequência real de vida, continuei
traçada pelas trevas que foram a me dominar
um mundo novo cheguei a criar
nunca fui espulso do anterior, porém nunca concordei com ele
mas em qual eu devo viver? se é aquele ou este que criei?
um mundo em que as pessoas são perfeitas
nunca choram nem fazem brincadeiras maldosas com ninguém
realizei meu sonho! seguirei os meus passos
diante desta eterna escuridão
uma sofrida vida que segui
eu que pensei ser assim
meu mundo era maravilhoso
e eu o enchi com espinhos
esqueci das rosas
que chegavam a encantar ele
ditei as regras,
segui meu mundo,
joguei o chão,
deitei sobre o muro
queria apenas sobreviver, ter um mundo somente meu
ninguém mais me olhava de lado nele, no real já era maltratado
não consigo enxergar alguém que veja a luz com serenidade
sempre se ofusca, não há luz que não trema seus olhos
sua força é feroz para o mundo humano
e imortal, eterna para o mundo irreal
não tenho mais medo, sigo meus passos
a rua é um segredo de seguir pelo real
e depois voltar ao meu mundo superficial
um segundo que vivo nele é um encanto,
porém tenho que retornar pras trevas
o mundo é trágico, produzido pelos deuses
recriado pelos humanos de uma forma destrutiva
recrio esta merda, meu mundo é que é real
não quero mais o mundo destrutivo e competitivo
quero viver na paz que inventei
no mundo surreal que me deitei
naquele campo de margaridas, que me livrei
de um mundo cheio de dor e sofrimento
uma sofrida vida que segui
eu que pensei ser assim
meu mundo era maravilhoso
e eu o enchi com espinhos
esqueci das rosas
que chegavam a encantar ele
ditei as regras,
segui meu mundo,
joguei o chão,
deitei sobre o muro
criei o muro pra me fechar completamente
pra me desligar do sangue, que é água pra mim
um monte de caixas se transformam em casa
um mundo surreal
porém ouço vozes, elas ainda me chamam
ainda me perturbam
é um terror estas
durmam lá fora! grito a elas
não fale nada, elas irão embora, fecho meu casaco
balanço meu corpo, nada vem a me incomodar
sorrio e digo feliz: "se foram!"
um alerta é o bastante, bate na primeira pessoa que vejo
penso ser a tal voz, não me culpe!
quero somente paz, porém me disseram que eu já a tinha
naquela imensa casa na esquina 514
uma rua tranquila, sem nada a temer
talvez meu cerebro fosse meu temor
talvez fosse ele o meu eterno terror
tenho de tratá-lo
olhos que nunca mais me olharão como antes
seguirei minha vida de cabeça erguida
pois eu venci o meu mundo surreal
mais ainda tenho o meu muro que me assegura
sobre deixar as pessoas em sua eterna ignorância
uma sofrida vida que segui
eu que pensei ser assim
meu mundo era maravilhoso
e eu o enchi com espinhos
esqueci das rosas
que chegavam a encantar ele
ditei as regras,
segui meu mundo,
joguei o chão,
deitei sobre o muro
olho para aqueles vermes
e sorrio alegremente