Quando era criança eu fui feliz,
tudo no mundo era bom,
só de uma coisa eu tinha medo,
o terrível bicho papão.
Na hora que eu ia dormir,
ficava de orelha em pé,
onde será que ele está?
O que será que ele quer?
Quando se apagavam as luzes,
eu já cobria a cabeça,
Vai que ele puxa o meu cabelo,
tomara que ele não apareça.
A minha mãe me dizia,
quando você crescer ele some,
a minha mãe se enganou...
Ele só trocou de nome.
O Bicho Papão do genial Cassio M´boy
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O bicho-papão é uma figura fictícia da tradição
da maioria das sociedades, que representa uma
forma de meter medo às crianças, caso não façam
o que lhes é mandado tal como outros seres
míticos como o homem do saco, coca, ou monstro
do armário.
Já na altura das Cruzadas, os muçulmanos da
Terra Santa personificavam o bicho papão no rei
Ricardo, Coração de Leão, dizendo aos filhos:
«porta-te bem senão o melek-ric vem buscar-te».
Todas estas designações estão associadas ao
mal que pode ocorrer às crianças caso se
afastem ou contrariem os pais; a expressão
"porta-te bem senão vem o homem do saco e
leva-te" induzia assim o respeito das crianças
sobre a eventual negligência deliberada,
caso o monstro realmente viesse. Sentindo-se
sozinhas e desamparadas, as crianças
tendem a obedecer.
Quanto aos nomes conhecidos, existem diferentes comportamentos associados ao monstro:
- O bicho-papão come as crianças; é, portanto,
- um monstro terrível;
- A cuca aparece em lugares escuros, ou em
- cima do telhado;
- O homem do saco leva as crianças no saco;
- o que faria com elas deixa-se ao fruto da
- imaginação das crianças;
- O melek-ric levaria as crianças para as tornar
- escravas;
Em Portugal o papão é tema de uma antiga cantiga
de embalar:
- Vai-te papão, vai-te embora
- de cima desse telhado,
- deixa dormir o menino
- um soninho descansado.
CONTINUAÇÃO
B uscamos hoje o incerto
R enovamos e ele continua por perto
O bicho papão mudou de nome
M istura-se no nosso dia a dia
A parece e some
N os faz sentir inseguros
I sto sobre o nosso futuro.
COM CARINHO ANGELICA GOUVEA