Os olhares... (Dos discípulos para Jesus, antes da cruz)

O olhar de Judas

Depois de ter orado em angustia no getsêmani, o jardim,

Jesus disse a seus amados, vamos! Eis que vem o traidor!

Era Judas Iscariotes, o seu próprio discípulo, um malfeitor,

Que o olhava face a face, e com um beijo, selava seu fim.

Ainda teve a coragem de acompanhar a multidão com Jesus!

Viu a dor e o terrível sofrimento Dele, pelos soldados romanos,

E com sentença de morte, do governador, apagou-se sua luz,

Correu aos sacerdotes e disse trai sangue inocente! Inumanos!

E vendo, com remorso, o corpo do seu mestre já dilacerado,

Jogando as trinta moedas, que recebeu por Jesus, no altar...

O mestre estava pronto a perdoar, apesar de decepcionado,

Mas atravessou o salão do templo e foi então se enforcar.

Foi de Judas o último olhar! Criatura, perdida eternamente!

Por atos criados e alimentados aos poucos, em sua mente.

O olhar de Pedro

Distante, Pedro, o olhava ferido e sangrando,

Mas Jesus o via ali, meneando a cabeça...

E sabia que seu discípulo o estava negando!

Dava-o perdão, antes que sua alma padeça.

Jesus tanto mais o olhava mais tremia de dor,

Não era a dor dos ferimentos o atormentando,

Mas a pura traição do amigo, ao dedicado amor,

Quanto mais Pedro o negava, mais ia aumentando.

Num momento aqueles olhares se cruzaram,

O de Jesus, de misericórdia e terna compaixão...

E o de Pedro, de angustia, dor, medo e traição.

E no momento de infinita tristeza, ambos choraram!

Pedro foi embora em desespero, foi seu último olhar,

À face de Jesus, desfigurada, que por ele ficou a velar.

O olhar de João

De todos os olhares foi este o que mais comoveu,

O discípulo amado, o único que não fugiu com medo!

Acompanhou os passos do mestre e se entristeceu,

Ao ver o Senhor moído, machucado desde cedo...

Foi por isso, dos doze, o aluno mais privilegiado,

E ouviu dos lábios do seu tão amado rei e senhor,

Cuida bem de minha terrena mãe, meu amado!

E disse à mãe, recebe-o como teu filho, com amor.

Era, o de João, o verdadeiro olhar, fixo e penetrante!

Apesar de quanto a tudo aquilo ser mesmo ignorante,

Não podia entender, como assim um Deus pode morrer?

Os olhares de Jesus e de João eram mesmo de mistério...

Um não podia explicar e o outro tão pouco podia crer!

E o último olhar de João foi o impulso ao seu ministério!

O olhar dos outros...Discípulos

André, Tiago, Felipe, Bartolomeu, Tomé e Mateus,

Tiago, filho de Alfeu, Tadeu e Simão, o zelote, fugiram!

O olhar que deram para Jesus, o filho amado de Deus,

Foi no alumiar da madrugada pelas tochas! O viram...

Preso pela turba enfurecida e Judas seu rosto a beijar,

O medo tomou conta e o pavor de morrer com Jesus...

Fez grande distancia cada um deles se pôr a viajar!

Foi a última vez que viram, os seus olhos, aquela luz.

Mas Jesus não os condenou, apesar de te-los advertido,

Ao voltar da oração, do jardim do getsêmani, na rocha...

Sozinho, abandonado pelos amigos, coração partido!

Orou por eles, sabia que não fizeram por mal e a tocha,

Acesa pelos inimigos estava prestes ali a se apagar...

E eles a acenderia com a verdade para eternamente brilhar.