EXTREMA UNÇÃO

O batismo foi na hora média.

O corpo pela luz fertilizado.

Do sol na praia veio a caminhar.

A maré encobria um segredo à pele.

Carne inocente, crente na festividade

Da primeira profissão, da primeira hóstia,

Pão líquido de salitre na saliva da língua.

O mar!

Tão dadivoso!

Tão Deus!

A areia correndo entre os dedos

Afogava um fungo da terra doce.

Jogava-se a onda com sua gravidade horizontal.

Charruando as éguas num compromisso de fé.

Uma seara!

Uma sereia!

Um ser!

Um banquete completo!

- Por quê as ondas não descansam à noite?

Vai começar, na pedra pia, sob a luz da vela que é o sol,

Pela graça do leite e azeite vermelhos que escorre dos pés

Sangue que jorra das plantas puntificadas

Pelo açoite da palavra pinaúna.

- Eu te batizo, Oceano Atlântico, em nome da pedra, da água e do sal.

No coral peixinhos faziam glu-glub.

Parou no plantão médico onde fez da enfermeira amiga

Cócegas de dor.

Luís Aseokaynha
Enviado por Luís Aseokaynha em 17/10/2010
Reeditado em 17/10/2010
Código do texto: T2561841
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