O outro lado

Vilã, traiçoeira, sorrateira!

Adjetivos que traçam, tão forte,

Imagens ruins, para algo divino:

A boa, meiga e merecida morte.

 

Viver é preciso? Viver é tudo?

Viver o que é, neste mar de torturas?

Viver é escola, é castigo profundo?

Viver é sofrer, conhecer amarguras?

 

A maldade, a inveja, o ódio e o rancor,

Presentes estão e reinam no mundo.

Nos trazem tristezas, mágoas e dor,

Nos batem no peito e ferem profundo...

 

Qual elixir que me tira o cansaço,

Qual regaço em que me acarinhas,

Morrer em seus braços, partir desta vida,

Se torna qual benção, esperança minha.

 

Se vim, não sei de onde, vazio e desnudo,

Também posso ir, rumo a lugar nenhum.

Passar a ser todo, a ser mundo, a ser tudo!

Eu que vivi, sendo apenas mais um...

 

Assim, abro as portas e estendo o tapete,

Espero seu manto de breu me envolver.

Bendita quem finda com meu sofrimento,

Bendito nascer, viver e morrer...