ALGUM DIA

Deixarei de ver com estes olhos materiais,

O mundo dos humanos, bem como o dos animais,

Deixarei de ver o sol, a lua e o infindável universo,

O mundo do homem bom e também o do perverso.

Deixarei de ver a chuva dançando através da vidraça,

Tendo como orquestra, o assobio do vento, com muita graça,

Deixarei de ver minha esposa, filhas, enfim todo o meu lar,

O mundo do infeliz que perdeu sua identidade, a vagar.

Deixarei de ver os pássaros e as flores enfeitando,

O caminho desta vida, que com esperança, vou viajando,

Deixarei de ver o mar, a praia o campo e a cidade,

O mundo dos seres bons, que vivem com tranqüilidade.

Deixarei de ver a angustia dos pobres sofredores,

Que estão à mercê da volúpia dos predadores,

Deixarei de ver a imagem linda de uma criança,

O mundo que o Criador nos deu em plena confiança.

Deixarei de ver a injustiça, a magoa e o rancor,

Que povoam esta vida tão esquecida do amor,

Deixarei de ver todas as belezas naturais,

O mundo encantado dos sonhos e dos metais.

Deixarei de ver a pobreza de espírito e a displicência,

Que habitam as mentes dos que vivem sem consciência,

Deixarei de ver as lindas imagens das nuvens coloridas,

Como se fossem o reflexo real de verdadeiras vidas.

Deixarei de ver tudo isso e muito, muito mais,

Estarei frente a frente com a justiça divina nos tribunais,

Deixarei de ver o ser humano que sou no presente,

Enxergarei com os olhos d’alma, uma dimensão diferente.

Geraldo Lustre

Do Livro da Alma ao Coração.