Poesia de além-vida
Lembra-se meu amor?
De como nos conhecemos?
Aquela manha de calor
Acho que é desses momentos que nunca esquecemos
Impossível não crer no destino
Suas doces artimanhas
E seu jeito inconsequente de menino
O acaso não é capaz de tais façanhas
Uma trombada
Seus cadernos ao chão
Você me deu aquela olhada
Engoliu fundo aquele sonoro palavrão
Enquanto pegava no chão os cadernos
Sem você perceber lhe escrevi um verbete
Meu telefone e um recado terno
“Posso lhe pagar um soverte?”
Fomos embora
Eu apaixonado e você nervosa
E a resposta veio com certa demora
“Tudo bem garoto, aceito seu sorvete”
– Veja que menina manhosa
Aquele sorvete, os nossos encontros ganharam outro significado
Conversas repletas de um doce mistério
Você se apaixonou pelo meu jeito atrapalhado
Eu pelo seu jeito sério
Namoro à tarde, coberta e um filminho
Horas de conversas a noite, daquelas se deseja que dure uma eternidade
O sexo não era só carne, mas repleto de carinho
Quem olhasse, veria que tinha algo de incomum em nossa felicidade
Foi quando, sem a melhor explicação
Minha visão começou a clarear
Uma dor veio em meu coração
Meu momento de partir – Estava na hora de zarpar
Lágrimas cobriam seu olhos aqui nesse mundo
Enquanto eu chegava lá nos campos verdes do além-vida
Eu queria entender, apenas por um segundo
Porque estava sentido aquela alegria – Tão sofrida
Eu te visitava todos os dias
Nos momentos tristes te consolava
E me regozijava em suas alegrias
Sua luz resplandecia em mim – Isso me reconfortava
E mesmo se outra pessoa, por esses lados você conhecer
E vocês acidentalmente começarem a namorar
Meu amor, eu não vou me entristecer
Amor de verdade é saber esperar
Vou estar aqui, caminhando nos campos verdejantes
Com aquele sentimento sempiterno
Esperando você chegar a qualquer instante
Esbarar em você – Derrubar o seu caderno