A Barca
Seguia a barca descendo
Tão suave e mansa no rio.
Sobre correnteza tranquila ao relento
Rompendo a garoa e o frio.
Seu misto de traços antigos
É um chamado a inevitável mergulho.
É um nado às memórias com brilho.
Ou ao passado mais obscuro.
Aos costados com a agua fria,
De um azul escrupuloso e celestial.
Reflete o sol com sabedoria.
em seu contorno à provençal.
Querida barca se soubesses
Quão serena ainda rimas com a natureza.
Nos desgastes de musgo e lodo.
Ainda sim combinas com o todo
Encantando com destreza.
Mas retorna à calmaria da margem.
Onde a fresta solar ladeia.
Por entre as folhas e galhos desfila
Como talentosa bailarina.
Que às emoções presenteia.
Tens um caso de amor com o rio
Impossível de não se admirar.
E assim, casados, ao arrepio.
És moldura como nunca se viu
E não tens inveja do mar.
Pequena barca azul turquesa
Quanta história tens a contar
Sois uma criação pra lá de bela
Que inspira quanto mais velha
Aos que te sabem apreciar.
Pequena musa humilde inspiração.
Que as águas não te venham querenar.
Repouse ao leito do rio dos poetas.
Contra a areia que te completa.
Fazendo-se admirar.