Minha oração
Quando o Pai velar os meus olhos
e aquetar o meu coração,
os meus sonhos, os meus anseios
e no além
eu me tornar saudades também,
aqueles que eu quero bem
que fiz nascer e cuidei
a mando de Alguém
podem me reencontrar
se quiserem,
num outro plano, com novos planos
para aprimorar o que já deu certo
porque, decerto
uma só existência,
mesmo com toda a sapiência
e paciência,
é tempo de menos
para uma eternização
e eles poderão chorar, sim.
Deverão chorar e porquê não?
E orar também
pois além do perdão
existe a missão
e cada um com a sua,
é a verdade crua e nua
e Deus a reger tudo,
aparentemente mudo aos nossos ouvidos
e surdo aos nossos pedidos.
Poderão e deverão chorar, porém a vida tem que continuar
pois o que são as lágrimas (?)
senão a constatação do sentimento pelas perdas e ganhos
nessa gangorra cruel e necessária
onde não conta quem viva ou morra
pois esta questão é tão subjetiva
que me leva a crer não ser a morte
quem define o viver.
Também se chora de felicidade
e não tem idade
e nem contraindicação.
O que vem da emoção
tem que ser bom
e para quem chora pelo que acha que perdeu
tem que saber que não se perde
o que não é seu
e tudo não pode ser somente isso
e nem tudo pode estar só aqui.
Se pedirem, com fé, a gente se reencontra
e se quiserem, de fato, a gente volta a se ver
e a se ter.
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Inspirada na belíssima obra "Quando eu me chamar saudade", do saudoso compositor Nelson Cavaquinho.