RENOVAÇÃO

Sob a luz parca da lua minguante, com passos trôpegos

A cruzar sombria alameda juncada de jacintos e acônitos

Frios suores na marmórea pele, um respirar tão sôfrego

Negros véus lhe encobrem o olhar angustiado e atônito.

Diante do altar da capela, lágrimas rolam pela face pálida

Nas trêmulas mãos aperta um rosário de âmbar e contrita

Ela roga proteção ao Cristo Crucificado, e luz plena e cálida

Banha sua fronte como a dizer que sua prece fora ouvida.

As trevas renteiam, praguejam, mas não podem se aproximar

Tem fim o ordálio pelo qual a sofrida a moça provou o seu valor

Às portas do local sagrado, reúne coragem para o mal enfrentar:

“Teu império sobre mim acabou-se, livre estou da pungente dor!”

Sob os primeiros raios de sol, ela então descobre a cabeça e o rosto

Antes desfeito e contraído num ricto de angústia, então renovou-se!

Desvanecidas as sombras, ela pôde sair da capela, findo o desgosto

Não teme a escuridão, pois a paz divina uma nova vida lhe trouxe!

Anankhe
Enviado por Anankhe em 15/03/2012
Código do texto: T3556674
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