A morte do anjo

O enterro do anjo

Tinha apenas seis meses

Quando adoeceu

Passaram em seu corpo

Milagroso ungüento

Chamaram tia Rita

Que entende de rezas

Chamaram pai velho

Para a casa benzer

O padre negou-se

Para que a unção

É um anjo que parte

Ao encontro de Deus

Aspergiu com água benta

A pobre criança

Que ao ser respingada

Por susto ou por mágoa

Parou de gemer

Disseram as comadres

Que ao anjo velavam

Foi culpa do padre

Que não quis benzê-lo

No dia seguinte

Ao cair da tarde

O povo da vila

Em fila indiana

formava o cortejo

Que levava o anjo

Na frente as crianças

Nas mãos flores mortas

Durante o trajeto

Em todas as portas

Uns trapos pendidos

Imitavam bandeiras

De todas as cores

De todas as formas

Por que um anjo não

Tem pátria ou nação

Sebastião Generoso
Enviado por Sebastião Generoso em 29/10/2010
Código do texto: T2585485
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