O Barqueiro

O Barqueiro, no triste barco, saiu ao alto mar:

Queria a casa esquecer, queria a dor afundar.

Remava, mudo e aflito, para a Ilha Carmesim,

De tanto amar, chorava a alma do seu querubim.

Quanto mais remava firme, mais sentia o Barqueiro

Que o Mar e a Terra são um único cemitério inteiro.

Tantas lágrimas salgadas marejavam nesse coração

Que perdeu a fé e a razão nas praias da dor e aflição.

Olhou para o céu calado: tudo vive escuro, desolado.

O barco seguia sem rumo o seu breve prumo aviltado:

Quer livrar-se da vida, quer libertar-se do fado fardo.

O Barqueiro em prantos viu o horizonte naufragado:

Quer ser o rubro ocaso, ser o mar chorado, serenado;

E dormir em paz nas profundezas deste mar salgado,

[No ventre marítimo do deus-mítico sempre afogado.

(Em memória de meu amado irmão Leidivan.)

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 31/03/2024
Reeditado em 31/03/2024
Código do texto: T8031662
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