Contemplação da lápide

Olho para a minha lápide e não consigo acreditar

Neste vazio profundo que em meu peito faz morada;

As lágrimas rolam e não consigo nem me consolar,

Pois a vida se esvaiu, deixando só esta dor legada.

Olho para a minha lápide e não consigo acreditar

Na escuridão que me abraça; não vejo mais saída.

Memórias antes vivas, agora são o vazio a pairar,

E as alegrias desvanecidas são o túmulo da vida.

Olho para a minha lápide e não consigo acreditar,

O destino que me ceifou sem minha autorização,

Deixando-me sozinho, sem ninguém para amar,

E a solidão se tornou minha amiga nesta vil canção.

Olho para a minha lápide e não consigo acreditar

Como o tempo correu veloz e não soube aproveitar!

Levo comigo nesta cova sonhos que não pude realizar,

E a saudade aperta tanto o peito e não posso chorar.

Olho para a minha lápide e não consigo acreditar

Que os dias de sol deram lugar à densa escuridão.

A tristeza me envolve, sem chance de escapar,

E só resta o lamento nesta minha última oração.

Olho para a minha lápide e não consigo acreditar

Que a vida seguiu seu curso implacável e correto!

Tudo está aqui escuro e numa mudez de endoidar,

Maldito fado que me decepou com um golpe certo.

Olho para a minha lápide e não consigo acreditar

Que TUDO se foi, e aqui desapareço como neve.

A tristeza consome meu corpo e não posso evitar,

Sou apenas uma data da qual o mundo se esquece.

Olho para a minha lápide e não consigo acreditar

Que um dia fui feliz e pude andar, viver, rir e sonhar!

Agora sou sombra na escuridão neste reles mausoléu,

Sob a cruz podre que me prometeu vida, júbilos e céu.

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 19/07/2023
Reeditado em 20/07/2023
Código do texto: T7840952
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