Virtudes infelizes
Quão felizarda é a Tristeza.
Ninguém a vê.
Ninguém a ouve.
Ninguém fala com ela.
Quando sortuda é a Solidão.
Ninguém a julga.
Pode sofrer o tanto que for
Mas ninguém se arrisca a ajudar.
Quão feliz é a Desolação.
Ela não precisa buscar soluções,
Não precisa de companhia para sentir alguma coisa.
Ela é só e a sua companhia já se julga o suficiente.
Pobre da Felicidade.
São tantos artifícios que precisam motivá-la,
Tantas circunstâncias específicas ou não,
Que é mais prático ser triste, só e desolado.
Soa mais reconfortante simplesmente o vazio.
É calmo, tranquilo e livre de julgamentos.
Que eu seja só. Desolado. E triste.
Talvez seja melhor assim.