A filosofia absurda para os átomos e o descaso da morte

Os milhões de partículas,

porções infindas de átomos

que nos encerram, moldam

e já não existem.

O que hoje somos

e essa atual soma de eus,

se diluem no vácuo

da sombra que chamamos de vida.

A mediocridade desse ajuntamento

que será dispersa no segundo,

milésimo exato e dessomatizado que,

de sarcasmos e inevitabilidade,

chamamos de morte.

Há uma pandemia desconjuntada

ali no quintal desprotegido

e na rumorosa via de fora:

citadina, universal e atomicamente

engendrada sina.

Aqui neste país de líderes abjetos,

inomináveis,

insensíveis átomos reunidos,

tais como germes obtusos,

vermes que apenas observam os recipientes partidos,

esses átomos que não perecem,

sendo enterrados e,

quanto ao mais,

inexoravelmente descartados?

Até a noite já seremos

menos tantos mil corpos,

mais tantos milhões de partículas

no paraíso inexistente dos átomos.