Onicofagia Canibal

Pressionar as teclas faz doer

Meus frágeis e tão sôfregos dedos,

Isso, triste eu digo, tem um porquê,

E é um de meus piores degredos.

A Onicofagia, esse demônio noturno,

Compulsivamente me faz querer

Roer, roer e roer. roer ao absurdo,

E não bastando, me faz querer rasgar,

Morder, e eu o faço sem me conter.

Eu dilacéro a cutícula, a queratina,

Até que apareça sangue, e não paro.

Aparece a carne, e dói. Me desamparo,

Mas continuo a morder.

Minha mão está destruída, arruinada,

Até a carne viva eu consigo ver.

No entanto, Continuarei a comer

Até que não sobre nada!

Me sinto um autófago, um suicida canibal,

E leitor, eu te digo, não existe desprazer como tal.

Por mais que eu tente evitar

Por mais que faça doer, arder ou gemer de dor

Estou sempre, sempre. Sempre a roer!

(Um poema sobre ansiedade e sobre roer as unhas compulsivamente)

Raul Brasil
Enviado por Raul Brasil em 19/02/2020
Código do texto: T6869367
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