DE BECOS E VIELAS

Na cidade fez-se o muro

encostou-se a ele em desuso

tão calado que ninguém viu

Fumou na sombra que a noite trazia

pensou o impensável só por que podia

Nenhum crime seu veria a luz do novo dia

Observou sem interesse a mulher passar

ondulante,oscilante,lascivamente ,apressada

Não disse gracejos ...

Não falou nada

Olhou pro céu cheio de seu próprio vazio

Não trazia nada daquele dia

Não deixaria nada para aquela noite

Pegou na garrafa com certa urgência

Aroma forte desprendeu-se dela

Haviam cães ladrando nos becos

Haviam gatos nas vielas

Haviam homens sofrendo nos barracos

Havia ele...

E ninguém viu.