Sutil que sofro

Quero sentir de outra forma pois sinto

Em forma de nada o meu querer,

Falta-me o oscilar do salgueiro ao vento,

Falta-me o sonho dentro do sonho,

-Fala-me da realidade curva e as cores,

Da forma que tem o tempo sem ter,

Em forma de álamo o meu querer ...

Paisagem num quadro, uma sutileza

Em cristal, um átomo a oscilar no tempo,

O espaço, um intervalo nulo, o meu ser

Embala-me no vulgar soprar - o ar,

Poeira inquieta o que tenho e não quero,

Milimétrico eu, vulgar sopro o que penso

Ser viver neste viver sem vida, que quase

Toco sem que me toque ele outro ...

Falta-me a sensibilidade negra do corvo,

Fala-me da ausência e da conclusão do dia,

Da hora tardia, fala-me da promessa

Não cumprida, do sermão e da dúvida

Necessária pra nos mantermos espíritos

E em forma de ar, o nosso ser sitiado,

Enfermo e em forma de nada mais

Que ar e ar, de mar cercado e sem saída.

Quero sentir-me de outra forma que não presa

Ao corpo nem à vida, sútil ao sopro,

Iacoe Michaela
Enviado por Iacoe Michaela em 20/01/2019
Reeditado em 22/11/2020
Código do texto: T6555142
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