Morremos

Os louros

dos teus olhos

negros

que outrora militavam

agora choram

pálidos.

Os discos

vivos

que embalavam

corpos

em plena tropicália

riscaram.

O teu ventre

a tua alma

o teu sangue

a tua saliva

derramaram

d'água.

O sufoco

que te cala

como se milhões de mãos

esganassem

tua fala.

Não resta

mais nada

se não as balas

que te calaram

e a memória

que ainda brada.

Junto contigo

morreu de dor

a esperança

que ainda

embalava.

Contigo

morreu tudo.

Contigo

morremos todos.