Dias Pesados

Quando eu era uma jovenzinha

O futuro eu ia transformar

Revolucionaria a vizinhança

Envolvia crianças, jovens, gente de toda idade

Que já eram tão vivas

Depois transformaria a cidade

Agora a vizinhança está irreconhecível

A grande maioria, nem sei quem são

Naquela pequena rua

Desconheço as crianças

O futuro nos engoliu

Tudo tem um preço sim

Reconheço

Nem sempre monetário

Nada é de graça

Tão distante do que costumava ser

Ainda é difícil

Difícil de ver

Alguns amigos se perderam

Não aguentaram a vida e tornaram-se camicazes

Outros não sei onde estão

Alguns raros

Como jóias

Trago comigo no peito

E pra vida

Muita sorte

Conserva-los no passar das décadas

Dias pesados passam

A menina idealista romântica

Quase não mora mais em mim