Alma

Alma

Há uma luz intensa

Um brilho dentro da noite

Dentro de mim há uma bomba

E a lua soberanamente se despe

Nos versos da minha canção

Ainda há luz na alma

Mas

Há também um pouco de morte sádica

Quem desvenderá o poeta?

Não quero que me ouçam a voz

Tampouco desejo que me entendam o sentir

Eu sou a voz e o ouvido

E na alma

Alva e simples

Meio saúde e meio doença

Sou poeta em canção e versos

Faço poesia pra mim

Quero apenas um canto dos lírios

Quero cantar num canto qualquer

E não ter que voltar

Porque voltar

É o mesmo que nunca ter ido a lugar nenhum

Serei livre que for sincero

Minha poesia infeliz

Nem minha linguagem eufórica

Não necessitam de sofismas tristes

Nem de eufemismos felizes

Porque a realidade é sempre dor

Ainda que seja bela

E que dela faça minha arte

Quero ser livre

E ser livre

E ser

Livre sempre

Mas não ser livre

Em todo o tempo que existir o agora

Me escondi e depois apareço

Estou entre meu silêncio e minha palavra

A palavra é um espaço

Entre a dor e a divindade

É só um instante

Entre o ser e o evitar

Ser um instante é ser muito

Vou compor versos

Sem precisar que me entendam a fala

Não quero esquecer

Que o som dos aplausos

Dura a vida de um momento breve

O que é um momento?

Um "ai" que já se foi?

Meus versos serão eternos

Ao menos serão eternos

No sabor da ilusão do poeta imortal

A poesia que me sobrevive eterna

São duas metades de mim

Uma é a metade que mais gosto de viver

E a outra

É aquela metade que desejo esquecer.

Patrícia Carnieto
Enviado por Patrícia Carnieto em 26/09/2016
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