A VIDA QUIS ASSIM
Paisagem estranha, cinzelada,
Brumas exibem densas plumagens,
Uma mescla de inverno e outono,
Na minha noturna, insólita realidade.
E eu perdido, ido... me sinto como,
Uma bruma dessas, uma folhagem,
Desgarrada da arvore madre,
Olhar sem horizonte, fonte desencantada.
O som da madrugada me atormenta,
Sim, dá uma vontade de enlouquecer,
De se perder em meio à massa cinzenta,
Lançar ao vento, os fragmentos do meu ser.
Haure-me nesse noturno, lembrar de ti,
Choro como um menino a tua ausência,
Ah! como eu gostaria que estivesses aqui,
Enternecesse minha alma com a tua essência.
Mas, o meu querer não é o teu, assim quis a sina,
Então, sorvo a taça da saudade, me embriago,
Divago, amargo os sentimentos sobre as ruínas,
Nesse amargor, nesse não amor, não sou, naufrago...