ANESTESIA

Aquele dia, que nada sacia

Um copo acaba e peço o segundo

Um a mais esvazia

Um segundo ia, não sou mais profundo

Um cigarro aceso se esvai em fumaça

Uma fumaça se esvai enquanto meu tempo passa

Uma musica escuto, mas não estou ouvindo

Uma sede da lembrança de um dia sorrindo

Uma lagrima cogita deslizar pela cara

Uma doença interna que remédio nenhum sara

Uma dor sempre permanente eterna e crônica

Uma angustia de agonia, agora, da ágora agônica

Um não sentido paulatino que tomam as veias

Umas falsas palavras cogitando falsas teias

Um copo no boteco, já estou adormecido

Um gole dum teco, já me perco o sentido

Um trago dessa merda, já me sinto tolhido

Uma fumaça que herda, meu coração iludido

Um som porcaria, pra tapar meu ouvido

Uma hora sentiria, minha vida sucumbindo

...

Umas horas que não passam no ponteiro do meu braço

Uma noite que se foi e levou o meu abraço

Um relógio poderoso que não cessa seu ponteiro

Uma noite em que meu espirito não se encontra mais inteiro

Uma musica que me encosta e nem de longe me toca

Uma droga e peito exposto pra que me mate com uma broca

Umas a mais? Umas a menos? vou dar o ultimo gole

Umas tais, dos venenos, até que o corpo se enrole

Umas retoricas palavras que se perderão na enxurrada

Um mar de rimas toscas, perdão, mas não são nada.

Uma hora direi, "Tô pra ver o mundo aqui sucumbir"

Um dia permitirei, mais chorar do que crer sorrir.