Lágrimas de Meretriz
A carícia de uma palmada
Árida, ardida, forçada,
Firme tal qual ferro em brasa
É essa a dor que me abraça.
Corrói meus sentidos na madrugada
Latente, oculta, abandonada.
Um ninho de ódio e dor
Formado por lençóis, frio, clamor.
A ardência fúnebre de uma esperança desleal
Amor bandido, podre, irracional.
E venho assim, rastejando a ti,
E vou assim, cambaleante ao fim.
Ó, torpor imundo!
Estende a tua mão a mim
Cobre-me com tal sorriso vagabundo
Que reluz em meu sangue carmesim.
Deixe-me dormir agora
Leva contigo meus sonhos de paixão
Vá e sem demora
Arrasta nossos planos pelo chão.
E pela manhã fica na lembrança
A carícia de uma palmada
Abismo de minha esperança.