ÁGUAS SUJAS (RIO DOCE)

Era doce, de nome, de verdade

Levando águas, movendo gente

Lavando as mágoas das cidades

Vida que vem da nascente

Inundou o coração

Tingiu de outra cor a vida

Que havia na correnteza

Sujou a emoção

E em lugar algum se viu saída

Correria sem rumo, sem certeza

Alargando as margens

Abrangendo casas e matas

Sepultando vidas vivas

Em subterrâneas nuvens

Vermelha lama

Vermelho o pranto

Vazio no coração

Sem acalanto

Sangrando a nação