(Ir)Real
Em todos meus poemas você está presente
Embora de certa forma também esteja ausente
Pois quem aparece é a personagem que eu criei
A ilusão improvável por quem me apaixonei.
Talvez eu nunca tenha lhe visto de verdade
Do meu modo distorci e manipulei a realidade
Imaginei alguém com quem o encaixe fosse perfeito
Moldei corpo, alma e pensamentos do meu jeito.
A carruagem virou abóbora, o vestido rasgou e a magia desapareceu
À meia noite da vida, sequer o sapatinho de cristal você esqueceu
Às vezes ainda me questiono se algo realmente aconteceu
Ou se foi alguma manipulação ou truque barato de Morfeu.
De tanta expectativa de repente não restou nada
Nem uma lágrima de orvalho da encerrada madrugada
Sequer uma marca , tatuagem ou disfarçada cicatriz
Tudo se acabou e ninguém esboçou um pedido de bis.