RETALHOS DE VIDA

Tempo estranho, tudo se enevoa,
O meu pensamento até que voa,

Mas não encontra passagem,
A nevoa esconde a minha imagem,

O medo é inevitável,
O meu olhar insustentável,

Perde-se na sombra nublada,
Eu; estranha, entranhas agitadas,

Eu; desejando algo, que faça um começo,
Destarte, uma poema de angústia, é o que teço,

Esmaeço-me no meio da densidade,
Sinto o sobrepeso da sonora realidade,

Eu; errante no descompasso das horas,
No tempo que me desmorona, me deflora,

Me deixa sozinha, sem linha, sem chão,
Sem possibilidade de conexão,

Tempo estranho; estranha eu,
Paisagem indefinida, retalhos de vida; breu.


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TEMPO PERDIDO 

Voa o meu pensamento,
procurando a tua imagem,
que se perdeu na paisagem,
muito além deste momento. 

Sentimento que se vai em descompasso,
passa o tempo, passam as horas,
coração bate aos pedaços. 

Sozinha no meio da estrada
sem ver nada, nada, nada... 

Desisto, eu desisto, vou-me embora.

(HLuna)