REVOLTA

Revolta no meu viver

É a mágoa daquilo que não fiz

E do que eu devia ter feito.

Por que eu me calei quando deveria gritar?

Porque involuntariamente, a omissão é sempre mais fácil.

Revolta dentro de mim

É esquecer meu papel social

É esquecer que pelo menos no nome eu sou cidadão.

Por esquecer quem eu deveria ser,

Por abandonar minhas convicções,

Por tropeçar em mim mesmo,

Por não saber quem eu sou,

E muito menos onde estou...

Caminho tanto a mercê do mundo

Que trago os passos gastos,

O olhar perdido,

Os pés cansados de tanto andar e não sair do lugar.

Revolta pelo Destino e sua crueldade,

Sua desumanidade!

Que triste engano!

Imaginar que talvez o Destino fosse mais humano

Do que muitos que estão aí.

Sombras de um mundo melhor, apareçam!

Mostrem que nem tudo está perdido.

Pelo menos, para que eu não desfaleça!

Revolta crua e legítima.

Destroços do saber...

Infinitos pedaços de mim...

Revolta, sem revolta...

Revolta sem motivo, sem explicação!

Revolta do mundo!

Revolta de mim!

Revolta nua e funda.

Rangendo os dentes na sombra.

Gemido de uma dor surda.

Grilhetas nos pés...

Correntes arrastando-se no chão...

Grades que prendem a voz...

Choro que inundam as praias do mundo.

Revolta dentro de nós.

Consciência que jaz na sepultura.

Silêncio de quem grita.

Escândalo de quem cala.

Dúvida escrita no espaço.

Sofismo de multidões.

Salvação que nunca chega,

Vida que nunca muda!

Objeto sem salvação.

Revolta triste e feliz.

Sinto-me só em meio a estes seres sem olhos.

Sou estranha por querer tudo diferente.

Meu escudo é a revolta,

Minha arma é a palavra!

Revolta fechada em mim.

Verso que nunca fiz,

Sonho que nunca tive,

Realidade que nunca vivi,

Esperança que nunca existiu...

Escrito em 2013.

Belinda Oliver
Enviado por Belinda Oliver em 16/01/2015
Reeditado em 28/01/2015
Código do texto: T5104214
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