AQUELAS HORAS

Aquelas horas de absurda melancolia,
Que vem do nada; envolvem a gente,
Esmaecem, amarrotam a poesia,
Eliminam as possibilidades do surpreendente.

Aquelas horas em que o olhar se desencanta,
Fica sem foco, sem lume, se distancia da coragem,
Nada canta, nada acalanta, nada adianta.

Aquelas horas estranhas, em que a única vontade,
É o de se esconder nas entrelinhas das cavidades,

Como um anjo sinuoso que perdeu a plumagem.