ELEGIA DE INVERNO
Não queira saber dos meus dias,
Das horas perdidas dos meus dias,
Horas que passam como as sombras,
Estampas de escuridão fugidias,
Horas friamente longas.
Não queira saber do meu olhar,
Do silêncio profundo do meu olhar,
Silêncio com cheiro de morte,
Um começar sem nunca acabar,
E sem palavra que o conforte.
Não queira saber de nada,
De coisas que dizem tudo, dizendo nada,
Que de tanto tombar no galope do tempo,
Que de tanto amargar o que julguei prazer,
Já não sonho com as coisas do sentimento
(O último sonho afogou-se na dor),
E esse será todo o meu morrer
Enquanto eu vivo for.