NADA

Calada, sentada,
No meio do nada,
Nada por dentro,
Nada por fora,
Nada abastece,
Nada acontece,
Nada tece uma tangente,
Absolutamente,
Nada,
Nada faz um agora,
Nem mesmo o vento,
Canta uma canção,
Nada varre a solidão,
A dor que caleja,
A alma sertaneja.
Fragmentada, cansada,
Do nada,
Da vã espera,
Da poeira da estrada,
Cansada de sertanejar,
Não mais tolera,
O sentimento agudo,
A ausência do tudo,
Os absurdos cortes,
Do impiedoso existir,
Não mais se tolera,
Entrega o olhar,
E se deixa ir...
Para outro lugar,
Além terra, além mar,
Mar que ela nunca viu,
Se deixa embalar,
Pelo abraço sutil,
Da “confortável” morte.


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LAMENTAÇÃO

 Desilusão, desalento,
esse é o meu sustento,
que me ampara por dentro,
fortalece o que há por fora,
e me faz seguir em frente,
pois tem força essa corrente,
no passado, neste agora.
Sonhos loucos,
não são poucos,
voam leves sem ter hora,
os deixo ir sem lamentos,
dou adeus e vão-se embora.
Já nem sei mais o que digo...
tudo perdeu o sentido,
ando na vida abatido,
sou mesmo um pobre coitado.
Anjo meu, se és meu amigo,
te imploro, vem comigo,
caminha sempre a meu lado.

(HLuna)